quarta-feira, 8 de julho de 2020

7º ano – Educação Física - A dança como elemento de linguagem, comunicação, expressão



01/07/2020
A dança como elemento de linguagem, comunicação, expressão
    No vasto campo da comunicação, conforme Siqueira (2006) encontramos a linguagem verbal e não verbal. Em se tratando da dança, entra-se na comunicação não verbal ou linguagem não verbal, cujo corpo humano é elemento básico neste campo.
    Conforme o autor,
    Assim como outras “modalidades de comunicação não verbais”, a dança é uma forma de expressão primal que se complexifica, principalmente a partir de sua profissionalização. [...] Como expressão de uma cultura, está inserida em uma rede de relações sociais complexas, interligadas por diversos âmbitos da vida (Siqueira, 2006, p. 4).
    Barreto (2005) propõe que o corpo é a forma de comunicação dos sentidos e vontades do ser humano. É ele que entrelaça os sentidos com a razão. É através do corpo que se aprimoram as expressões.
    Conforme Siqueira (2006) há um grande potencial de expressividade através do corpo humano, diversos modos de comunicação. Neste sentido, dificilmente haverá um dia em que o corpo terá transmitido tudo de si, expressado todos os sentimentos possíveis. Sempre haverá novas formas de expressão, de diferentes pessoas, de diferentes pensamentos e diferentes formas de comunicação.
    Conforme Siqueira (2006), a dança não se distingue em apenas movimentos, traz, juntamente com eles, diversos sentimentos. Através da dança, consegue-se demonstrar cultura, expressar as suas vivências através de gestos corporais. Segundo Medina et al. (2008), é uma forma de movimento elaborado, fornecendo representações da cultura dos povos. Assim, ela mostra, manifesta os costumes, hábitos de uma sociedade específica.
    Siqueira (2006) coloca também que a dança é simbólica e carrega significados através do espetáculo. Consegue contar histórias sobre determinada cultura, explicar os acontecimentos do mundo, guerras ou histórias de vida. Os movimentos dançados contam histórias, transformam a dança em um modo de comunicação com a sociedade, em um caminho de ligação com a realidade. A dança, pois, não é apenas movimento, mas também uma forma de protesto, indignação, posicionamento político no mundo, na sociedade.
    Siqueira (2006) e Medina et al. (2008) concordam que a humanidade criou um contato direto entre a dança e as representações da sociedade; estabeleceu uma ligação entre os movimentos e os acontecimentos da sociedade, traduzindo necessidades, transformações, religiosidade, tradições.
    Siqueira (2006) sugere que, se a sociedade é complexa, a dança também será. A dança muda, pois, conforme a sociedade. Ainda que duas cidades vizinhas dancem o mesmo estilo, esta poderá ser totalmente diferente, pois a dança expressará as vivências corporais de cada cidade, expressas através de gestualidades diferentes. Se um americano aprender a sambar, tendo como referência os gestos de um carioca (brasileiro), o samba do americano estará atravessado de sua experiência corporal com a dança. Ainda que uma pessoa aprenda um determinado movimento, específico de outra cultura, ao fazê-lo, imprimirá seus traços culturais à cultura que está sendo aprendida.
  Estudo de caso.
    Em uma viagem feita ao Chile, tive a oportunidade de participar de uma aula de dança tradicional peruana. Consegui aprender os movimentos corretamente, conforme os peruanos me ensinavam, de acordo com o ritmo musical que seguiam, mas havia uma grande diferença entre nossas danças. A expressão corporal dos peruanos era totalmente diferente das minhas expressões. Havia uma alegria nos seus movimentos, um jogo de quadris e braços executado com uma facilidade incrível, o que era, para mim, bem difícil de ser feito. Enquanto me preocupava com os passos a serem executados, sentia-me “travado”, sem “gingado” ao dançar.
    Porém também tive a oportunidade ensinar aos peruanos, argentinos, chilenos e colombianos algumas figuras do xote figurado1 e uma coreografia do samba. Vi naquele momento, uma inversão dos papéis. Enquanto eu executava os movimentos com postura e interpretação, com facilidade, via os dançarinos dos outros países tentando incorporar a expressividade gaúcha, aos passos que estavam executando. Eram eles que naquele momento pareciam “travados” ou sem “gingado”, já que a vivência corporal deles era bem diferente da minha.        Maurício Selvino Delazeri

Atividade.
Responda V para verdadeiro e F para falso
(   ) Corpos como “mediadores de conteúdos simbólicos”. Os seres humanos, ao dançarem, dificilmente expressam sentimentos e cultura através do seu corpo. Os movimentos corporais, as vezes até apresentam a cultura vivida naquele corpo. Porém os movimentos, não mudam conforme a interpretação das pessoas, as suas vivências, educação, experiências culturais etc.
(   ) Os movimentos possuem significados originais de acordo com o local em que foram produzidas, podendo mudar conforme o novo contexto e a interpretação das pessoas que a vivenciam ou apreciam. Nesse sentido, o simbolismo das técnicas corporais varia conforme a educação, as diferentes experiências vividas e as trocas culturais. Em determinado local, uma atitude corporal pode ser permitida e em outro pode ser proibida, como ressalta Mauss (1974 apud MENDES; NÓBREGA, 2009, p. 7).
(   )Mendes e Nóbrega (2009) comentam sobre uma pessoa que tenha feito “trocas culturais”. Siqueira (2006), também esclarece alguns pontos exemplificando que um indivíduo, após anos de trabalho corporal na dança, seria transformado, modificado, incorporando cultura, através de suas experiências diferenciadas. Através de uma coreografia, o dançarino pode expressar toda sua experiência, colocando um pouco de cada cultura conhecida, como também poderá recriar uma parte específica de sua experiência, um momento exato de um local ou cultura já vivenciada.
(    ) Pode-se dizer que ao executar uma dança de uma sociedade diferente da sua, ou apenas aprender os movimentos exatos desta determinada dança é suficiente para compreendê-la.


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