01/07/2020
A dança como elemento de
linguagem, comunicação, expressão
No vasto campo
da comunicação, conforme Siqueira (2006) encontramos a linguagem verbal e não
verbal. Em se tratando da dança, entra-se na comunicação não verbal ou
linguagem não verbal, cujo corpo humano é elemento básico neste campo.
Conforme o
autor,
Assim como
outras “modalidades de comunicação não verbais”, a dança é uma forma de
expressão primal que se complexifica, principalmente a partir de sua
profissionalização. [...] Como expressão de uma cultura, está inserida em uma
rede de relações sociais complexas, interligadas por diversos âmbitos da vida
(Siqueira, 2006, p. 4).
Barreto (2005)
propõe que o corpo é a forma de comunicação dos sentidos e vontades do ser
humano. É ele que entrelaça os sentidos com a razão. É através do corpo que se
aprimoram as expressões.
Conforme
Siqueira (2006) há um grande potencial de expressividade através do corpo
humano, diversos modos de comunicação. Neste sentido, dificilmente haverá um
dia em que o corpo terá transmitido tudo de si, expressado todos os sentimentos
possíveis. Sempre haverá novas formas de expressão, de diferentes pessoas, de
diferentes pensamentos e diferentes formas de comunicação.
Conforme
Siqueira (2006), a dança não se distingue em apenas movimentos, traz,
juntamente com eles, diversos sentimentos. Através da dança, consegue-se
demonstrar cultura, expressar as suas vivências através de gestos corporais.
Segundo Medina et al. (2008), é uma forma de movimento
elaborado, fornecendo representações da cultura dos povos. Assim, ela mostra,
manifesta os costumes, hábitos de uma sociedade específica.
Siqueira (2006)
coloca também que a dança é simbólica e carrega significados através do
espetáculo. Consegue contar histórias sobre determinada cultura, explicar os
acontecimentos do mundo, guerras ou histórias de vida. Os movimentos dançados
contam histórias, transformam a dança em um modo de comunicação com a sociedade,
em um caminho de ligação com a realidade. A dança, pois, não é apenas
movimento, mas também uma forma de protesto, indignação, posicionamento
político no mundo, na sociedade.
Siqueira (2006)
e Medina et al. (2008) concordam que a humanidade criou um
contato direto entre a dança e as representações da sociedade; estabeleceu uma
ligação entre os movimentos e os acontecimentos da sociedade, traduzindo
necessidades, transformações, religiosidade, tradições.
Siqueira (2006)
sugere que, se a sociedade é complexa, a dança também será. A dança muda, pois,
conforme a sociedade. Ainda que duas cidades vizinhas dancem o mesmo estilo,
esta poderá ser totalmente diferente, pois a dança expressará as vivências
corporais de cada cidade, expressas através de gestualidades diferentes. Se um
americano aprender a sambar, tendo como referência os gestos de um carioca
(brasileiro), o samba do americano estará atravessado de sua experiência
corporal com a dança. Ainda que uma pessoa aprenda um determinado movimento, específico
de outra cultura, ao fazê-lo, imprimirá seus traços culturais à cultura que
está sendo aprendida.
Estudo de caso.
Em uma viagem
feita ao Chile, tive a oportunidade de participar de uma aula de dança
tradicional peruana. Consegui aprender os movimentos corretamente, conforme os
peruanos me ensinavam, de acordo com o ritmo musical que seguiam, mas havia uma
grande diferença entre nossas danças. A expressão corporal dos peruanos era
totalmente diferente das minhas expressões. Havia uma alegria nos seus
movimentos, um jogo de quadris e braços executado com uma facilidade incrível,
o que era, para mim, bem difícil de ser feito. Enquanto me preocupava com os
passos a serem executados, sentia-me “travado”, sem “gingado” ao dançar.
Porém também tive
a oportunidade ensinar aos peruanos, argentinos, chilenos e colombianos algumas
figuras do xote figurado1 e uma coreografia do samba. Vi
naquele momento, uma inversão dos papéis. Enquanto eu executava os movimentos
com postura e interpretação, com facilidade, via os dançarinos dos outros
países tentando incorporar a expressividade gaúcha, aos passos que estavam
executando. Eram eles que naquele momento pareciam “travados” ou sem “gingado”,
já que a vivência corporal deles era bem diferente da minha. Maurício
Selvino Delazeri
Atividade.
Responda V para verdadeiro e F
para falso
(
) Corpos como “mediadores de conteúdos simbólicos”. Os seres humanos, ao
dançarem, dificilmente expressam sentimentos e cultura através do seu corpo. Os
movimentos corporais, as vezes até apresentam a cultura vivida naquele corpo. Porém
os movimentos, não mudam conforme a interpretação das pessoas, as suas
vivências, educação, experiências culturais etc.
(
) Os movimentos possuem significados originais de acordo com o local em
que foram produzidas, podendo mudar conforme o novo contexto e a interpretação
das pessoas que a vivenciam ou apreciam. Nesse sentido, o simbolismo das
técnicas corporais varia conforme a educação, as diferentes experiências
vividas e as trocas culturais. Em determinado local, uma atitude corporal pode
ser permitida e em outro pode ser proibida, como ressalta Mauss (1974 apud MENDES;
NÓBREGA, 2009, p. 7).
(
)Mendes e Nóbrega (2009) comentam sobre uma pessoa que tenha feito
“trocas culturais”. Siqueira (2006), também esclarece alguns pontos
exemplificando que um indivíduo, após anos de trabalho corporal na dança, seria
transformado, modificado, incorporando cultura, através de suas experiências
diferenciadas. Através de uma coreografia, o dançarino pode expressar toda sua
experiência, colocando um pouco de cada cultura conhecida, como também poderá
recriar uma parte específica de sua experiência, um momento exato de um local ou
cultura já vivenciada.
( ) Pode-se
dizer que ao executar uma dança de uma sociedade diferente da sua, ou apenas
aprender os movimentos exatos desta determinada dança é suficiente para
compreendê-la.
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